quarta-feira, 6 de maio de 2009

Homossexuais preparam movimento de pressão

Grupo de personalidades quer colocar casamento civil na agenda política

00h30m

NUNO MIGUEL ROPIO

"Movimento pela Igualdade". Assim se chamará o movimento a favor do casamento civil homossexual, que está a ser preparado por vários grupos LGBT, com o apoio de sindicatos e outras associações da sociedade civil.

Sigilo tem sido a palavra de ordem para um grupo constituído por vários elementos representativos de associações e activistas das causas de lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros (LGBT) que, desde há duas semanas, preparam a criação daquele movimento cívico, cujo o objectivo é funcionar como força de pressão para colocar na ordem do dia, até às eleições legislativas, a questão dos casamentos civis para casais do mesmo sexo.

"Movimento pela Igualdade" será apresentado publicamente no fim deste mês, estando aquele grupo de trabalho a sondar várias personalidades da vida pública nacional, desde políticos a cantores, para darem a cara pela causa. Rui Rio, presidente da Câmara do Porto, Catarina Furtado, Miguel Sousa Tavares, Xana, vocalista dos 'Rádio Macau', ou Teresa Caeiro, deputada do CDS/PP, são apenas alguns entre as centenas de notáveis que constam na listagem de contactáveis, a que o JN teve acesso.

Segundo uma fonte ligada ao processo, serão estas figuras que irão liderar tal movimento nos próximos meses e não os activistas LGBT. "Este grupo [fundacional] cessará as suas funções no dia em que for apresentado o movimento", explicou.

"O PS já admitiu que pretende promover a igualdade de direitos, acabando com essa barreira que impede os casamentos civis entre pessoas do mesmo sexo, caso vença as eleições. Mas queremos colocar os outros partidos e a sociedade a discutirem o assunto", acrescentou aquela fonte, frisando que os moldes do "pela Igualdade" terão como exemplos os movimentos "pelo Sim", que defenderam a despenalização do aborto no referendo.

O movimento começou a ser delineado numa reunião que ocorreu na sede do Sindicato dos Professores de Lisboa, juntando as diversas associações e activistas do meio LGBT, que há mais de seis anos não se encontravam de modo tão formal.

"O afastamento entre todos ocorreu quando se questionou o modo de acção de determinados grupos e pessoas, além das divergências políticas que tornaram evidentes algumas clivagens que já existiam", disse outro dos participantes daquele encontro, onde também estiveram membros das duas centrais sindicais [CGTP e UGT], da Associação para o planeamento da família, ou da "Médicos pela Escolha", entre outros grupos que em comum partilham o facto de já participado nos cinco movimentos pela despenalização do aborto.


in JN

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