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domingo, 23 de agosto de 2009

Caster Semenya



A questão da intersexualidade saltou para as luzes da ribalta com o caso da atleta sul-africana que venceu os 800 metros nos mundiais de atletismo em Berlim. Será que Caster Semenya terá de devolver a medalha?

A Federação Internacional de Atletismo vai submeter a jovem de 18 anos a uma série de testes ginecológicos, psicológicos e cromossomáticos.

Embora reconheça que a filha tenha um físico masculino, o pai da atleta sentiu-se indignado com a polémica: “A estrutura e o físico dela são como os de um homem, ela parece-se comigo. Não gostei do que se disse e do que se está a fazer. É como se me ofendessem a mim e à minha cultura, a cultura Sepedi. É um insulto e não estou contente com a forma como as coisas estão a ser feitas”, disse Jacob Semanya.

Ao longo da vida Semenya habituou-se a ouvir comentários sobre a sua aparência, incluindo em casa.

Os familiares e amigos apoiam a atleta. Penso que as pessoas têm cíumes porque ela gangou, é só isso”, afirmou uma vizinha. “Penso que é tudo uma mentira, Caster é uma mulher, sinto-me orgulhosa por ela e ela sente orgulho em ser uma mulher”, disse uma prima.

Há três anos, uma atleta indiana tentou suicidar-se depois de ter perdido uma medalha, devido ao resultado dos testes de cromossomas.

Segunda a sociedade norte-americana de Intersexualidade, para cada dois mil nascimentos, há dois bébes que registam uma das cerca de 30 formas de intersexo, ou seja, que possuem características dos dois sexos.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Portugal: Sobre a sexualidade e o género

Bastonário Ordem dos Médicos desafiado a pronunciar-se sobre “reorientações de orientação sexual e identidade de género”.

Os colectivos e associações abaixo referidos vêm desta forma condenar publicamente as escandalosas declarações do psiquiatra Adriano Vaz Serra, presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e de Saúde Mental (SPPSM), e de João Marques Teixeira, presidente do Colégio da Especialidade de Psiquiatria da Ordem dos Médicos, em entrevista à jornalista Andreia Sanches, do Jornal Público do passado dia 2 de Maio.

Para estes dois médicos, não apenas é possível condicionar medicamente a orientação sexual e identidade de género dos/as indivíduos, como desejável, sendo a homossexualidade ou a identidade de género das pessoas transgénero, naturalmente, doenças mentais.

O que mais escandaliza em tais declarações não é apenas a sua carga de conservadorismo moral e falta de critério profissional – a homossexualidade deixou de ser considerada uma doença ao ser retirada da lista de perturbações psiquiátricas em 1973, pela Associação Americana de Psiquiatria -, mas que elas venham de pessoas com altas responsabilidades cívicas e públicas, dirigentes da SPPSM e da Ordem dos Médicos.

O mais inaceitável e imponderável é o impacto deste tipo de declarações de “peritos”, nas vidas e na auto-estima de tantas pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgénero (LGBT) que já enfrentam diariamente enormes dificuldades na sua auto-aceitação e visibilidade pública, como comprovam as taxas de suicídio entre jovens LGBT, claramente mais altas do que a média geral. Daí, a irresponsabilidade e ausência de ciência dos autores destas declarações retrógradas e incompatíveis com as linhas de orientação terapêuticas da APA.

É fácil imaginar, aliás, o que espera os/as “pacientes” que caiam nas mãos de médicos com as práticas correspondentes a estes discursos, desactualizados face ao conhecimento científico, e que estão a indignar boa parte dos seus colegas de profissão, como se vê pela denúncia de Daniel Sampaio na sua crónica deste domingo na revista Pública, onde caracteriza o sucedido como exemplificativo de um caso em que “desaparecem os valores e surgem as crenças”.

São particularmente graves as declarações do responsável da Ordem dos Médicos, em que este afirma que em alguns casos é possível "re-enquadrar a identidade de género e as opções de relacionamento" de alguém que sente atracção por pessoas do mesmo sexo. A Ordem dos Médicos, representante de uma classe e forçosamente parte da promoção das boas práticas profissionais, revela-se afinal promotora do preconceito e de práticas atentatória dos direitos e da saúde de pacientes. Preocupante é que seja caso único na Europa ao deter um poder arbitrário de decisão final sobre os processos de mudança de sexo, e que detenha esse poder discricionário alguém que acha que é possível “reenquadrar” a identidade de género e a orientação sexual das pessoas – o que não seria mais do que um atentado contra os Direitos Humanos.

Os colectivos e associações abaixo referidos pensam ser da maior relevância que o bastonário da Ordem dos Médicos quebre um silêncio ensurdecedor e se pronuncie pública e urgentemente sobre esta questão e estas declarações. Com critério científico, e com o critério moral e social de não permitir que, a partir da Ordem, se emitam valores e crenças discriminatórios e atentatórios do dever da classe médica e da saúde dos/das utentes.

Subscrevem:

- Clube Safo

- GAT - Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos de VIH/SIDA

- MPE - Médicos Pela Escolha

- não te prives – Grupo de Defesa dos Direitos Sexuais

- Panteras Rosa – Frente de Combate à LesBiGayTransfobia

- Poly_portugal

- PortugalGay.pt

- UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta

Portugal: Sobre a sexualidade e o género

Mais em:

Associações escandalizadas com terapias para mudar de orientação sexual