A sala não esteve cheia para ‘Morrer como um Homem’, mas os presentes aplaudiram longamente a adaptação ficcionada da luta e alegria de viver de ‘Tónia’, um travesti ícone do transformismo lisboeta. É um trabalho de autor do realizador João Pedro Rodrigues, de maturidade que prolonga o anterior ‘Odete’. Já cá fora, no fim da sessão, os travestis Cindy Scrash e Jenny Larrue foram o centro da atenção e dos flashes de muitos fotógrafos ocasionais.
"O mais importante é a visibilidade", disse ontem ao CM João Pedro Rodrigues, vestindo uma t--shirt com a imagem de Eusébio em 1966. "Faço filmes para serem vistos e aqui é o melhor lugar para começar o percurso." Sobre o ‘rótulo’ de cinema ‘queer’ ou ‘gay’, o realizador, de 43 anos, recusa ‘etiquetas’ e esclarece: "O meu cinema é sobre o desejo. Quero um cinema que diga a verdade das personagens."
No entanto, o júri da secção Un Certain Regard optou por atribuir o galardão principal para o perturbante ‘Dogtooth’, do grego Yorgos Lanthimos, distinguindo ainda o romeno ‘Politist, Adjectiv’, com o prémio do Júri, e ‘No One Knows About Persian Cats’, com o prémio especial do júri. Hoje, ao final da tarde, será anunciado o vencedor da Palma de Ouro de Cannes.
“O importante é a visibilidade”
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segunda-feira, 25 de maio de 2009
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Portugal: Sobre a sexualidade e o género
Bastonário Ordem dos Médicos desafiado a pronunciar-se sobre “reorientações de orientação sexual e identidade de género”.
Os colectivos e associações abaixo referidos vêm desta forma condenar publicamente as escandalosas declarações do psiquiatra Adriano Vaz Serra, presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e de Saúde Mental (SPPSM), e de João Marques Teixeira, presidente do Colégio da Especialidade de Psiquiatria da Ordem dos Médicos, em entrevista à jornalista Andreia Sanches, do Jornal Público do passado dia 2 de Maio.
Para estes dois médicos, não apenas é possível condicionar medicamente a orientação sexual e identidade de género dos/as indivíduos, como desejável, sendo a homossexualidade ou a identidade de género das pessoas transgénero, naturalmente, doenças mentais.
O que mais escandaliza em tais declarações não é apenas a sua carga de conservadorismo moral e falta de critério profissional – a homossexualidade deixou de ser considerada uma doença ao ser retirada da lista de perturbações psiquiátricas em 1973, pela Associação Americana de Psiquiatria -, mas que elas venham de pessoas com altas responsabilidades cívicas e públicas, dirigentes da SPPSM e da Ordem dos Médicos.
O mais inaceitável e imponderável é o impacto deste tipo de declarações de “peritos”, nas vidas e na auto-estima de tantas pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgénero (LGBT) que já enfrentam diariamente enormes dificuldades na sua auto-aceitação e visibilidade pública, como comprovam as taxas de suicídio entre jovens LGBT, claramente mais altas do que a média geral. Daí, a irresponsabilidade e ausência de ciência dos autores destas declarações retrógradas e incompatíveis com as linhas de orientação terapêuticas da APA.
É fácil imaginar, aliás, o que espera os/as “pacientes” que caiam nas mãos de médicos com as práticas correspondentes a estes discursos, desactualizados face ao conhecimento científico, e que estão a indignar boa parte dos seus colegas de profissão, como se vê pela denúncia de Daniel Sampaio na sua crónica deste domingo na revista Pública, onde caracteriza o sucedido como exemplificativo de um caso em que “desaparecem os valores e surgem as crenças”.
São particularmente graves as declarações do responsável da Ordem dos Médicos, em que este afirma que em alguns casos é possível "re-enquadrar a identidade de género e as opções de relacionamento" de alguém que sente atracção por pessoas do mesmo sexo. A Ordem dos Médicos, representante de uma classe e forçosamente parte da promoção das boas práticas profissionais, revela-se afinal promotora do preconceito e de práticas atentatória dos direitos e da saúde de pacientes. Preocupante é que seja caso único na Europa ao deter um poder arbitrário de decisão final sobre os processos de mudança de sexo, e que detenha esse poder discricionário alguém que acha que é possível “reenquadrar” a identidade de género e a orientação sexual das pessoas – o que não seria mais do que um atentado contra os Direitos Humanos.
Os colectivos e associações abaixo referidos pensam ser da maior relevância que o bastonário da Ordem dos Médicos quebre um silêncio ensurdecedor e se pronuncie pública e urgentemente sobre esta questão e estas declarações. Com critério científico, e com o critério moral e social de não permitir que, a partir da Ordem, se emitam valores e crenças discriminatórios e atentatórios do dever da classe médica e da saúde dos/das utentes.
Subscrevem:
- Clube Safo
- GAT - Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos de VIH/SIDA
- MPE - Médicos Pela Escolha
- não te prives – Grupo de Defesa dos Direitos Sexuais
- Panteras Rosa – Frente de Combate à LesBiGayTransfobia
- Poly_portugal
- PortugalGay.pt
- UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta
Portugal: Sobre a sexualidade e o género
Mais em:
Associações escandalizadas com terapias para mudar de orientação sexual
Os colectivos e associações abaixo referidos vêm desta forma condenar publicamente as escandalosas declarações do psiquiatra Adriano Vaz Serra, presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e de Saúde Mental (SPPSM), e de João Marques Teixeira, presidente do Colégio da Especialidade de Psiquiatria da Ordem dos Médicos, em entrevista à jornalista Andreia Sanches, do Jornal Público do passado dia 2 de Maio.
Para estes dois médicos, não apenas é possível condicionar medicamente a orientação sexual e identidade de género dos/as indivíduos, como desejável, sendo a homossexualidade ou a identidade de género das pessoas transgénero, naturalmente, doenças mentais.
O que mais escandaliza em tais declarações não é apenas a sua carga de conservadorismo moral e falta de critério profissional – a homossexualidade deixou de ser considerada uma doença ao ser retirada da lista de perturbações psiquiátricas em 1973, pela Associação Americana de Psiquiatria -, mas que elas venham de pessoas com altas responsabilidades cívicas e públicas, dirigentes da SPPSM e da Ordem dos Médicos.
O mais inaceitável e imponderável é o impacto deste tipo de declarações de “peritos”, nas vidas e na auto-estima de tantas pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgénero (LGBT) que já enfrentam diariamente enormes dificuldades na sua auto-aceitação e visibilidade pública, como comprovam as taxas de suicídio entre jovens LGBT, claramente mais altas do que a média geral. Daí, a irresponsabilidade e ausência de ciência dos autores destas declarações retrógradas e incompatíveis com as linhas de orientação terapêuticas da APA.
É fácil imaginar, aliás, o que espera os/as “pacientes” que caiam nas mãos de médicos com as práticas correspondentes a estes discursos, desactualizados face ao conhecimento científico, e que estão a indignar boa parte dos seus colegas de profissão, como se vê pela denúncia de Daniel Sampaio na sua crónica deste domingo na revista Pública, onde caracteriza o sucedido como exemplificativo de um caso em que “desaparecem os valores e surgem as crenças”.
São particularmente graves as declarações do responsável da Ordem dos Médicos, em que este afirma que em alguns casos é possível "re-enquadrar a identidade de género e as opções de relacionamento" de alguém que sente atracção por pessoas do mesmo sexo. A Ordem dos Médicos, representante de uma classe e forçosamente parte da promoção das boas práticas profissionais, revela-se afinal promotora do preconceito e de práticas atentatória dos direitos e da saúde de pacientes. Preocupante é que seja caso único na Europa ao deter um poder arbitrário de decisão final sobre os processos de mudança de sexo, e que detenha esse poder discricionário alguém que acha que é possível “reenquadrar” a identidade de género e a orientação sexual das pessoas – o que não seria mais do que um atentado contra os Direitos Humanos.
Os colectivos e associações abaixo referidos pensam ser da maior relevância que o bastonário da Ordem dos Médicos quebre um silêncio ensurdecedor e se pronuncie pública e urgentemente sobre esta questão e estas declarações. Com critério científico, e com o critério moral e social de não permitir que, a partir da Ordem, se emitam valores e crenças discriminatórios e atentatórios do dever da classe médica e da saúde dos/das utentes.
Subscrevem:
- Clube Safo
- GAT - Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos de VIH/SIDA
- MPE - Médicos Pela Escolha
- não te prives – Grupo de Defesa dos Direitos Sexuais
- Panteras Rosa – Frente de Combate à LesBiGayTransfobia
- Poly_portugal
- PortugalGay.pt
- UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta
Portugal: Sobre a sexualidade e o género
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Associações escandalizadas com terapias para mudar de orientação sexual
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