segunda-feira, 25 de maio de 2009

Furo jornalístico

Uma jornalista perguntou a dois psiquiatras reconhecidos se é possível alterar a orientação sexual. Furo jornalístico! Apanhados de surpresa, disseram que sim e revelaram que ajudariam pessoas que o desejassem fazer. A coisa suscitou indignação mediática. Vinte associações reclamaram, uma petição apareceu na internet, psicólogos e teapeutas de todo o tipo protestaram veementemente.

Os reclamantes vislumbram diabólicos seres munidos de tenazes, ferros e electricidade a mudar a orientação dos desgraçados trazidos à força pelos homofóbicos. Só que não foi isso. Foi apenas admitir que a orientação sexual está no alcance médico como, aliás, está a mudança do sexo corporal ou apenas do nariz. Mas que se deve respeitar a liberdade de opção.

Os fundamentalistas do amor acham que os sentimentos caem do céu. Mas não é assim. O desejo sexual sofre influências biológicas, familiares, interpessoais e culturais. Os adolescentes ficam por vezes ambivalentes, procurando definir-se com os seus pares. Se estes ajudam, porque não os psiquiatras?

Esclareço que respeito os homossexuais e reconheço o direito de constituírem família e educarem filhos. Mas não me digam que a questão é preto no branco. Sobretudo, não se armem em cientistas, quando a decisão de excluir a homossexualidade da lista americana das doenças foi política e ideológica. Como o é todo este barulho que, na tradição da antipsiquiatria, remete os problemas íntimos para o social.

J.L. Pio Abreu

Furo jornalístico

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