domingo, 1 de março de 2009

Os assumidos que governam (algum) mundo

Homossexuais. Desde Harvey Milk que não se falava tanto do assunto. O pretexto veio da Islândia, que, em plena crise, se virou para uma lésbica à procura de soluções. Johanna Sigurdardottir tornou-se na primeira primeira-ministra homossexual do planeta. Mas não falta, noutros países, quem sonhe seguir-lhe as pisadas
Em 1978, bastaram 11 meses para que o herói dos gays na América levasse um tiro. Harvey Milk, o primeiro homossexual assumido eleito para um cargo político, foi assassinado a 18 de Novembro sem cumprir a maioria das promessas que o levou ao Conselho de Supervisores de São Francisco. Mas Milk deixara marca: depois dele, o mundo aprendeu que um homossexual também pode ser político. E ter sucesso.

Trinta e um anos depois, no dia 1 deste mês, a Islândia nomeou uma lésbica assumida para chefiar o Governo. Excluídos todos os que guardaram segredo, Johanna Sigurdardottir é a primeira primeira-ministra homossexual dos tempos modernos.

O feito da deputada da esquerda deu pouco que falar na sua pequena ilha do Norte do Atlântico. Para os liberais islandeses, mais do que a-lésbica- -que-chegou-ao-poder, Sigurdardottir é a hospedeira-que-pode-vencer-a-crise. Mas no mundo, a nomeação foi saudada como uma vitória simbólica dos homossexuais. "A cortina cor-de-rosa está a cair", disse ao DN Renato Sabadini, secretário-geral da Associação Internacional de Gays e Lésbicas.

Apesar de serem cada vez mais os assumidos a governar no Ocidente, ainda está longe o tempo em que um gay no poder não faz primeira de jornal.

Na França das revoluções, o homossexual Bertrand Delanoë conquistou o povo de Paris para ser alvo de um ataque homofóbico que por pouco não lhe tirou a vida. Berlim também está entregue a um gay assumido. Mas quando o nome de Klaus Wowereit é falado para chanceler, o resto da Alemanha torce o nariz a tanta libertinagem. E na liberal Inglaterra foi a contragosto, por pressão dos tablóides, que o trabalhista Peter Mandelson saiu do armário.

Nos EUA, a ideia de o senador Barney Franks mandar o seu namorado para um chá de mulheres dos senadores com a primeira dama Hillary Clinton nos 1990 ainda hoje é uma anedota.

No topo dos actos dramáticos está a novela do governador de Nova Jérsia, Jim McGreeve, que se assumiu em 2006 e dias depois demitiu-se e viu a mulher, a lusodescendente Dina Matos, pedir o divórcio e correr as televisões para contar a farsa de um casamento que foi abençoado pelo Papa.

Os assumidos que governam (algum) mundo

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