A sala não esteve cheia para ‘Morrer como um Homem’, mas os presentes aplaudiram longamente a adaptação ficcionada da luta e alegria de viver de ‘Tónia’, um travesti ícone do transformismo lisboeta. É um trabalho de autor do realizador João Pedro Rodrigues, de maturidade que prolonga o anterior ‘Odete’. Já cá fora, no fim da sessão, os travestis Cindy Scrash e Jenny Larrue foram o centro da atenção e dos flashes de muitos fotógrafos ocasionais.
"O mais importante é a visibilidade", disse ontem ao CM João Pedro Rodrigues, vestindo uma t--shirt com a imagem de Eusébio em 1966. "Faço filmes para serem vistos e aqui é o melhor lugar para começar o percurso." Sobre o ‘rótulo’ de cinema ‘queer’ ou ‘gay’, o realizador, de 43 anos, recusa ‘etiquetas’ e esclarece: "O meu cinema é sobre o desejo. Quero um cinema que diga a verdade das personagens."
No entanto, o júri da secção Un Certain Regard optou por atribuir o galardão principal para o perturbante ‘Dogtooth’, do grego Yorgos Lanthimos, distinguindo ainda o romeno ‘Politist, Adjectiv’, com o prémio do Júri, e ‘No One Knows About Persian Cats’, com o prémio especial do júri. Hoje, ao final da tarde, será anunciado o vencedor da Palma de Ouro de Cannes.
“O importante é a visibilidade”
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